terça-feira, 21 de abril de 2009


BRASÍLIA

Eu vi Brasília!
A cidade menina!
A cidade criança!
A cidade milagre!
A cidade esperança!
Eu vi Brasília!
Ritmo e aceleração
Retalham-se terras nuas
Em avenidas e ruas.
Lastra-se a obra em projeto,
Os gigantes de concreto
Pipocando no sertão,
E sangra a terra vermelha.
Rubra como centelha,
Evola-se fina poeira
Em torno da construção.
Eu vi Brasília!
De noite como de dia,
Sua bárbara melodia
Ecoando na amplidão.
Sinfonia do trabalho:
Cantam pedras, tinem ferros,
Martela sonoro o malho,
Nos longes atroam berros,
Geme esmagado o cascalho
Sob o rolo compressor,
Rangem máquinas, turbinas,
Metralha um britador,
Zunem e silvam usinas,
Trepidam rodas na estrada.
Por todo o imenso planalto,
Geme na voz de contralto,
A sereia agoniada.
Gritos, apitos, descargas,
Guindastes levantam cargas,
Estrepitam caminhões,
Despejando aos cem, aos mil,
Para intérminos serões,
Trabalhadores da noite
Enquanto dorme o Brasil.
Enquanto, na noite, dorme,
Tranqüilo o Brasil enorme,
Brasília está desperta.
Brasília não dorme não,
Pulsa, palpita, lateja
Como um grande coração.
Eu vi Brasília ao luar!
Naquela vasta amplidão
De horizontes sem montanha, avultam - visão estranha - Esqueletos de armação,
Assim imensos, distantes,
Como fantasmas gigantes.
E, no veludo da noite,
À luz da lua azulada
Qual rara jóia cintila
O Palácio da Alvorada.
Eu vi Brasília
A Cidade menina!
A cidade criança!
A cidade milagre!
A cidade esperança!

Quando Magdalena Léa conheceu Brasília, ainda em construção; no ano de 1959, o Lago Paranoá, criado artificialmente para amenizar o clima seco da região, era apenas um enorme buraco. Logo que chegou ao Hotel Nacional, ela escreveu o Poema: "EU VI BRASÍLIA".

O poema está publicado no livro "A Criança Recita" - Editora Minerva- 1960 - 3ª Edição RJ - e em outras edições do livro utilizados nas escolas de declamação.

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